quinta-feira, 28 de maio de 2009

Curva de rendimentos

A curva de rendimento é a representação gráfica dos rendimentos/taxa de juro de uma determinada classe de activos num determinado dia em termos de maturidade. Por exemplo, uma curva de rendimento pode considerar rendimentos para a maturidade de um dia (overnight) e para o prazo de 20 anos.
A curva de rendimento dá-nos informação útil sobre as expectativas do mercado relativamente à evolução futura das taxas de juro.

Subida das taxas de juro

A subida das taxas de juros faz-se agora sentir mais no prazo de 12 meses. Esta evolução reflecte as expectativas do mercado quanto às taxas de juro de curto prazo que se vão observar no próximo ano, isto é, os mercados começam a antecipar a inversão sustentada da tendência de descida verificada nos últimos meses.

Aumentam os sinais de que o custo do crédito vai aumentar, é necessário reforçar os cuidados na gestão do orçamento familiar de forma a antecipar uma subida dos encargos com o serviço da dívida.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

As vantagens e desvantagens do recurso ao crédito - 2ª parte (as desvantagens)

O prazer que advém de consumir no presente implica frequentemente uma restrição de consumos futuros. É importante também ter em atenção que o endividamento tem consequências financeiras que podem ir além do período de endividamento considerado. O historial de endividamento pode afectar a avaliação de um indivíduo quando este se candidata a um novo crédito e pode afectar a sua capacidade para se qualificar para um empréstimo à habitação e para outro tipo de empréstimos e de serviços financeiros.

Além disso, uma gestão incorrecta das dívidas do agregado ou uma mudança negativa abrupta da situação financeira da família pode impedir os compromissos financeiros anteriormente assumidos. O crescimento exagerado da dívida por parte do agregado pode constituir uma ameaça ao bem-estar deste, por poder levar a casos de incumprimento ou até à insolvência ou sobreendividamento. E este é um fenómeno que se tem vindo a verificar com cada vez maior ênfase na sociedade ocidental, incluindo Portugal.

O sobreendividamento comporta igualmente consequências mais ou menos graves para o indivíduo ou para a família, ao nível psicológico, social e económico. Com efeito, no plano económico é posto em causa o estado financeiro e o equilíbrio orçamental do agregado, favorecendo o aumento do nível de stress financeiro familiar. As consequências do sobreendividamento são frequentemente mais nefastas para os grupos com mais fracos recursos económicos, que tem com maior probabilidade dívidas que são prioritárias (como contas de serviços, hipotecas e taxas municipais) que podem ter repercussões graves, como a perda da habitação, podendo também constituir uma barreira em termos de empregabilidade além de ser vedado o recurso ao crédito no futuro por estar na chamada “lista negra” no Banco de Portugal.

De uma forma geral, sobrevêm ainda implicações importantes e negativas para os sobreendividados já que as dificuldades económicas têm consequências ao nível social e psicológico. Entre estas consequências incluem-se a marginalização, a exclusão social, os efeitos na saúde mental dos indivíduos, a tensão na relação marital e possível dissolução das famílias e perturbações da saúde mental e física dos filhos de famílias sobreendividadas, assim como o impacto no desempenho escolar das crianças entre outros aspectos.

Mas o sobreendividamento tem implicações mais vastas, que abrangem a economia e a sociedade. Ao nível da economia as consequências são negativas porque estas dívidas não irão ser amortizadas (Haas, 2006) e além disso, o aumento do número de famílias sobreendividadas pode ser acompanhada de uma contracção no consumo privado, em particular no tocante aos bens de consumo duradouro. O efeito de diminuição do consumo privado faz-se sentir no abrandamento do crescimento do PIB, isto, tem repercussões directas no crescimento económico. Os níveis de confiança necessários para o funcionamento normal do mercado de crédito são igualmente afectados por causa do sobreendividamento, surgindo com maior intensidade os problemas associados ao risco moral e à selecção adversa, em relação aos quais as instituições financeiras reagem racionando o crédito sem diferenciar os clientes. Por outro lado, as famílias com níveis elevados de endividamento e que se podem encontrar em risco de sobreendividamento reagem de forma mais significativa aos choques negativos que afectem o rendimento, diminuindo o seu consumo numa proporção mais elevada.


Nota: O stress financeiro é definido como os resultados adversos sociais ou económicos associados com a situação financeira do agregado, que inclui problemas de pagamento de dívidas, delinquência, falência e uma falta pontual de rendimentos.

domingo, 24 de maio de 2009

As vantagens e desvantagens do recurso ao crédito - 1ª parte (as vantagens)

O recurso ao crédito é central para muitas economias e é-o igualmente para a economia portuguesa. A estabilidade económica traz uma prosperidade crescente, emprego e baixas taxas de juro, todas tendo subjacente uma crescente procura do crédito. O crédito permite às pessoas ter um maior controlo e flexibilidade quando gerem as suas finanças, colectivamente beneficiando a economia.

Um sector financeiro competitivo e eficiente, do qual o mercado de crédito é uma parte importante, é essencial para elevar o nível de crescimento económico de uma economia.

Mas é fundamental que exista um bom funcionamento deste mercado de crédito. Quando o mercado funciona bem, os fornecedores de crédito competem entre si para fornecer produtos de crédito apropriados ao preço mais baixo possível e os consumidores são capazes de fazer escolhas informadas e tomar as melhores decisões sobre o que devem adquirir. Num mercado ineficiente há custos para os indivíduos e para a economia. Os indivíduos podem ser confrontados com o fardo financeiro, os produtos disponíveis podem não ir ao encontro das necessidades dos consumidores, os preços podem ser demasiado elevados e, quer os consumidores quer os fornecedores de crédito, podem perder a confiança em partes do mercado de crédito, o que constrange outros mercados nos quais os consumidores geralmente adquirem bens ou serviços usando formas de crédito.
O recurso ao crédito traz igualmente vantagens para as famílias. Com efeito, o recurso ao crédito pode revelar-se um importante instrumento para gerir com maior eficácia as finanças das famílias. Os agregados podem ver satisfeitas as suas necessidades e desejos relativamente aos mais variados produtos e serviços através das várias formas de crédito disponíveis no mercado e que pode ajudar a lidar com situações críticas. O crédito pode ainda constituir um processo de antecipação de rendimentos e melhorar a acessibilidade temporal a determinados bens e serviços. O crédito implica assim ganhos substanciais em termos de bem-estar das famílias, ao garantir a manutenção de determinados padrões de consumo que de outro modo teriam de ser diferidos no tempo, além de permitir gerir quebras temporárias de rendimento.

Quando é favorecido um melhor acesso ao crédito (sobretudo quando se trata de cartões de crédito) pode aumentar a capacidade de flexibilidade financeira do agregado (Isto só não é possível quando ocorrem situações extremas de uso de crédito), permitindo e simultâneo que diminua o stress financeiro para a família.

sábado, 23 de maio de 2009

A confiança e o crédito

O termo crédito deriva do latim creditum e originalmente designa uma crença ou confiança. Reflectindo a origem da palavra, em termos económicos, o crédito corporiza um conceito segundo o qual um fornecedor pode confiar na capacidade de outra pessoa e na sua intenção de pagar mais tarde pelos bens e serviços que adquire no presente.

Tenha isto presente sempre que contactar a instituição financeira que lhe concedeu crédito: Cultive a relação de confiança que esta associada à concessão do crédito que obteve.

A poupança

A poupança serve, regra geral, duas funções essenciais: movimentar dinheiro ao longo do tempo e permitir a gestão do risco. A movimentação do dinheiro ao longo do tempo decorre da própria noção de poupança, que salienta a existência de uma redução do consumo no presente para que se possa consumir mais no futuro, quando for necessário. Ao poupar ou investir o indivíduo ou família envolvem-se numa gestão de risco ao protegerem-se financeiramente de vários riscos que podem vir a ocorrer, como sejam o desemprego, problemas de saúde, ou outros tipos de possíveis problemas.

Portanto as famílias que poupam estão necessariamente melhor preparadas para fazer face a situações de crise como a que vivemos no presente. Poupar é preparar o futuro.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

O risco de crédito

A concessão de crédito consiste na disponibilização de um determinado valor presente mediante uma promessa de pagamentos de valores no futuro de valor actual equivalente. A concessão do crédito pressupõe a confiança na capacidade financeira do devedor, isto é, de que o mesmo irá honrar os seus compromissos nas datas acordadas previamente.

O risco de crédito é o risco de perda que resulta do incumprimento do plano de pagamentos acordado por parte do devedor numa operação de concessão de crédito.

Este risco é inerente a todos os devedores, sejam eles particulares, empresas ou Estados. Veja-se o caso dos EUA cuja avaliação de risco da sua dívida terá diminuído, isto é, os credores consideram que o risco do os EUA não cumprirem com o seu plano de pagamentos da dívida pública aumentou.

Qual a evolução das taxas de juro para o curto e médio prazo?

A incerteza quanto à evolução das taxas de juro fez-se sentir no mercado monetário com a subida das taxas de juros para os vários prazos, invertendo-se a tendência das últimas semanas. Por outro lado a incerteza tem a ver com as expectativas sobre qual vai ser a actuação do Banco Central Europeu nas próximas semanas, logo o seu impacto fez-se sentir de forma mas significativa nas taxas de juro de curto prazo, e em resultado a taxa de juro para o prazo de um mês foi a que sofreu a subida mais significativa.

O ensinamento a retirar desta inversão da tendência é que as taxas de juro actuais podem facilmente e em períodos de tempo relativamente curtos sofrer alterações substanciais. Assim, a decisão de recorrer a novos créditos deve ser devidamente ponderada considerando cenários que contemplem variações das taxas de juro. Não se deve nunca recorrer ao crédito só porque o mesmo está barato em determinado momento, principalmente quando as taxas contratuais estão indexadas a taxas de referência que evoluem de forma tão difícil de antecipar.

quarta-feira, 13 de maio de 2009

A partir de hoje os desempregados podem aderir à Moratória do Governo

No seguimento da nossa publicação do dia 27-03-2009 “Moratória do Governo – medida de apoio a desempregados no empréstimo da casa”, informamos que, a partir de hoje, quem se encontre na situação de desemprego há, pelo menos, três meses, pode aceder à moratória do Governo.
Esta é uma medida extraordinária e transitória destinada a criar as condições para que seja concedida aos actuais mutuários, uma moratória no reembolso dos empréstimos à habitação própria e permanente, quaisquer que sejam o tipo e o regime jurídico do empréstimo em curso, de valor equivalente a 50 % da sua prestação mensal.
De referir que esta medida não é apenas para compra de casa, ao contrário do que estava previsto inicialmente. Também se aplica para quem tenha recorrido a empréstimos bancários para construir habitação própria e permanente ou para realizar obras de conservação da casa.
O Diário Económico indica os três passos a dar para quem queira aderir à Moratória do Governo:
1. Inscrever-se no Centro de Emprego – Só estando inscrito há três meses e que tenha já trabalhado é que pode beneficiar desta medida.
2. Dirigir-se ao balcão do seu banco – É com a instituição que concedeu o crédito que pode tratar dos pormenores. De notar que pode pedir, no caso de ter prestações em atraso, que essas sejam incluídas no prazo da moratória.
3. Fazer contas para pagar mais tarde – É importante perceber que mais tarde irá pagar o que o Estado lhe adiantou, pelo que é necessário fazer contas para estar preparado para quando terminar o período da moratória. Os técnicos do GOEC disponibilizam-se para o ajudar/orientar na decisão das várias opções.

domingo, 10 de maio de 2009

Política Monetária

O prémio Nobel da Economia Joseph Stiglizt relembra neste artigo um dos custos inerentes à participação numa zona monetária: a perda da política monetária. A verdade é que isso são questões já muito avaliadas e sem essa adesão nunca as taxas de juro em Portugal teriam assumido valores tão baixos como os verificados nos últimos anos. Merece relevo a sugestão para que o Governo adopte medidas de controlo do spread para impedir que o mesmo aumente. Apesar de a ideia ser apelativa gostaríamos de ter visto também a concretização de algumas medidas a implementar para atingir esse objectivo.

sábado, 9 de maio de 2009

Cuidado com as escolhas que faz na aplicação das suas poupanças

O GOEC na sua intervenção diária, incentiva permanentemente as famílias à definição de comportamentos que permitam gerar uma poupança, por muito pequena que ela seja em termos absolutos. Poupar, ao contrário do recurso ao crédito, promove a liberdade de actuação no futuro para levar a cabo projectos familiares ou para manter o nível de consumo considerado adequado. No entanto, depois de gerar uma poupança, há que decidir como aplicá-la. Esta decisão deve ser devidamente fundamentada tendo em consideração todos os riscos inerentes às varias opções. Existem vários riscos a ter em conta, o risco de taxa de juro, o risco de mercado, o risco de incumprimento, o risco cambial, o risco de liquidez e outros. Esta variedade de riscos levam-nos a aconselhar o consumidor a recorrer às instituições financeiras para colocar as suas aplicações. Em regra estas devem fornecer aos seus clientes informação fidedigna sobre os riscos do produto que é oferecido. Antes de tomas a decisão deve questionar, confirmar, validar para não subscrever produtos com um risco que não deseja assumir. Cabe às instituições financeiras serem correctas na sua actuação.
Face ao exposto, e considerando que no nosso país existem regras claras sobre os vários tipos de produtos financeiros e uma entidade supervisora credível é difícil compreender a dúvida que na notícia aparece tão bem descrita:
A grande questão no centro das atenções das autoridades tem a ver com a análise dos produtos subscritos pelos clientes e com a sua classificação.”

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Corte na taxa de referência para 1% leva à queda generalizada da taxa Euribor

No seguimento do corte registado ontem, pelo Banco Central Europeu (BCE), da taxa de referência para 1%, as taxas Euribor registaram uma queda para todos os prazos. Este corte de 25 pontos base, de 1,25% para 1%, era já esperado estando os juros na zona euro no valor mais baixo desde 1999.
Assim, a Euribor a seis meses, a mais usada nos créditos à habitação em Portugal, caiu para 1,507% sendo que para o prazo de 12 meses baixou para os 1,676% e para o de 3 meses recuou para 1,313%.
Como tínhamos publicado no dia 30 de Abril, os empréstimos indexados à Euribor a seis meses, revistos em Maio, registaram uma descida de 210 euros, para um empréstimo de 100 mil euros a 30 anos. Apesar de ainda estarmos no inicio do mês, tendo em consideração a média mensal actual de Maio, que servirá de referência para as revisões de Junho, a prestação da casa poderá vir a cair 157 euros para os 397,38 euros, segundo os cálculos do Diário Económico.
Nunca é demais relembrar da possibilidade de uma poupança que é possível fazer através deste aumento de liquidez.

Como pagar menos comissões ao banco

Quem tem contas bancárias certamente já detectou, ao consultar o seu extracto bancário que muitas vezes são cobrados serviços e despesas de manutenção que não estava à espera. No entanto, se tiver várias contas em bancos diferentes, verifica que os valores cobrados variam de banco para banco. Tendo em conta que houve várias medidas no sentido de obrigar os bancos a facultarem informação completa relativamente aos preços praticados, nomeadamente as comissões as taxas de juro e outras despesas, está agora mais fácil de consultar todos os dados necessários para se tomar a melhor opção no momento de abrir conta.

Na edição de hoje do DE, são identificados vários conselhos importantes para que o custo associado a uma conta bancária seja reduzido. Resumidamente:

1 – No mercado existem vários bancos, pelo que pode analisar qual o banco que lhe oferece melhores condições ao adquirir um produto financeiro, nomeadamente a abertura de uma conta. Alguns bancos não cobram despesas de manutenção mas outros há que cobram valores bastante elevados.
2 - Embora haja serviços em que é indiferente utilizar a internet ou ir directamente ao balcão, tais como os cartões de crédito e de débito, há outros que ficam bem mais baratos, tais como fazer transacções financeiras em que, pela internet, tem comissões mais baratas do que fazê-las directamente no balcão.
3 - As transferências bancárias feitas via ATM (multibanco) ficam a custo zero quer sejam para uma conta do próprio banco quer sejam para outro banco.
4 – Ao domiciliar o seu ordenado terá benefícios, nomeadamente nas despesas de manutenção.
5 - Ter vários produtos num banco é vantajoso pois terá mais facilidade em negociar junto do seu banco as taxas do crédito.